Educação

Em Boa Vista, crianças aprendem com a música formas de desenvolver seus talentos e contribuir com a sociedade

Na rede municipal de ensino, a música é tão importante quanto disciplinas como português, matemática ou ciências.

Por Fábio Cavalcante

09/12/2019

Quando se trata de educação, Boa Vista é destaque. Seja pelos investimentos feitos na atual gestão, que desde 2013 tem implementado políticas para tornar a rede municipal de ensino uma das melhores do país, seja pela missão de tornar as crianças cidadãs de valores e sucesso. E bem no centro de todo esse trabalho está o contato dos jovens com a música, feito por meio de projetos desenvolvidos nas escolas e que têm gerado ótimos frutos na capital.

Em Boa Vista, a musicalização infantil é tão importante quanto português, matemática ou ciências. Isso porque o contato com a música contribui com o desenvolvimento cognitivo, motor, o raciocínio lógico, além de dar, à criança, noções de disciplina, respeito e sociabilidade. Grande parte do ensino musical é desenvolvida em parceria com o Instituto Boa Vista de Música e pelos 200 professores arte-educadores do município.

Em 2013, quando a prefeita Teresa Surita assumiu a Prefeitura de Boa Vista, a disciplina de “Artes” retornou para a sala de aula. Foi então que a gestão fez o primeiro concurso para arte-educadores do município, no ano de 2014. Por isso, Boa Vista é uma das poucas cidades brasileiras a ter este profissional na educação básica, que além de seguir o currículo já definido – envolvendo todas as linguagens da arte, como a dança, o teatro e as artes visuais – também tem liberdade para desenvolver projetos de eficiência.

Música e expressão corporal

Aulas de musicalização na Escola Municipal Glemíria Andrade, ministrada pelo educador musical Ednei Martins, com apoio do IBVM: desenvolvimento por meio do movimento corporal (foto: Fabiano Lima)

Nas escolas municipais Prof.ª Glemíria Gonzaga Andrade, no bairro Cidade Satélite, e Laucides Oliveira, no Airton Rocha, a musicalização é ainda mais dinâmica. Isso por que as crianças aprendem a expressar com o corpo as células rítmicas (batuques), com gestos e movimentos.

A musicalização segue os princípios de grandes pedagogos da música, como o francês Émile Dalcroze e o alemão Carl Orff, que teorizam que os elementos da música podem ser desenvolvidos por meio do movimento corporal. O trabalho é feito pelo IBVM e o  educador musical Edney Martins.

“O trabalho de musicalização nas escolas, com apoio da prefeitura e Fetec, foi criado para atender crianças dos bairros mais distantes e tem como propósito o ensino gratuito de música. Nesse primeiro ano, trabalhamos com os alunos questões como disciplina, socialização, percepção e coordenação motora por meio dos ritmos. E foi um resultado muito bom. Tivemos a oportunidade de desenvolver um ambiente favorável para a educação”, afirma o presidente do IBVM, maestro Francisco Carlos Felício.

As atividades são regulares e contribuem para o desenvolvimento cognitivo, motor e intelectual da criança

Música e responsabilidade com o meio ambiente

As crianças do projeto "Balde Velho", da Escola Luiz Canará: o que seria jogado ao lixo se torna um excelente instrumento musical

Outro bom exemplo é o projeto “Balde Velho”, na Escola Luís Canará, no bairro Senador Hélio Campos, que envolve tanto a musicalização quanto a conscientização pela preservação do meio ambiente. Isso porque são utilizados baldes de plástico como instrumentos musicais. Os baldes têm boa sonoridade e estão aptos a receberem os batuques bem ao estilo “Olodum”, como bem definiu o professor arte-educador e coordenador do projeto, Fábio Lucena.

“A gente observou, em sala de aula, que os nossos alunos estavam com seus talentos adormecidos. E a gente só deu uma “apimentada”, um incentivo para que eles pudessem se expressar através da música, assim também como as outras áreas de arte. E, em conversa com outros professores, isso melhorou no comportamento e no próprio processo de ensino-aprendizagem deles”, disse o professor.

Cerca de 20 crianças, entre 10 e 11 anos, participa do projeto “Balde Velho”. Uma delas é a pequena Thayla Rodrigues, de 9 anos, que viu na música uma ótima maneira de contribuir com a sociedade e com o meio ambiente. “É um projeto muito legal, porque além de nos ensinar música, nos deu oportunidade de reciclar baldes que iriam parar na natureza ou no lixo”, disse ela. A previsão é que esse projeto atenda mais crianças no próximo ano.

Os alunos aprendem os ritmos em cima de canções populares, como “Super Fantástico” (Balão Mágico) e “A paz” (Roupa Nova). Rhayssa Oliveira, também de 9 anos, é uma das vocalistas do grupo e já apresenta ótima performance, carisma e intensidade vocal. E já mira numa carreira futura. “Eu amo música. Eu gosto de ouvir música gospel e o meu sonho é viajar para fora ou ficar aqui em Boa Vista mesmo, fazendo shows”.

"É um projeto muito legal, porque além de nos ensinar música, nos deu oportunidade de reciclar baldes que iriam parar na natureza ou no lixo” - Thayla Rodrigues, 9 anos

"Meu sonho é viajar para fora ou ficar aqui em Boa Vista mesmo, fazendo shows" - Rhayssa Rodrigues, 9 anos

Na rede municipal de ensino, a música é tão importante quanto disciplinas como português, matemática ou ciências (Foto: Fernando Teixeira)
0

=> Ouça os Entrevistados:

- Maestro Francisco Carlos Felício - Presidente do IBVM

- Fábio Lucena - Prof. Arte-educador da Escola Luiz Canará

- Thayla Rodrigues - Aluna da Escola Luiz Canará

- Rhayssa Oliveira - Aluna da Escola Luiz Canará