Educação

Saber Igual: Método de ensino estruturado reduz analfabetismo na rede municipal

Conheça e entenda a aplicação da metodologia utilizada dentro das salas de aula

Por SEMUC

03/06/2015

Todas as escolas municipais, estaduais, públicas e privadas precisam seguir a Base Nacional Comum da Educação Básica, estabelecida pelo Ministério da Educação (MEC). Ou seja, todas as unidades de ensino do Brasil devem trabalhar conteúdos únicos, para garantir que uma criança que está na região norte possa desenvolver as mesmas habilidades daquela que está no sul. Seguindo essas diretrizes nacionais, os estados brasileiros podem adotar o método de ensino estruturado.

Quando a prefeita Teresa Surita assumiu o mandato, em 2013, a Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC) fez um estudo e constatou um diagnóstico assustador: 49% dos alunos da rede municipal de ensino eram analfabetos, bem maior que a média nacional que é de 13,6%.  Por isso, a Prefeitura de Boa Vista criou em 2013 o Programa Saber Igual, que permitiu a introdução de um novo método de ensino, por meio do Instituto Alfa e Beto (IAB), assim como em outras cidades do Brasil.
Seguindo o novo método, cada série tem um material específico, que é de acordo com o que o aluno deve aprender. Todos começam o ano letivo com os livros em mãos. Em cada kit, há livros de atividades para serem utilizados em sala de aula e os cadernos de atividades para casa. Os professores também recebem um manual de como aplicar o conteúdo. Todo o material foi avaliado pela equipe técnica tanto do MEC quanto da Secretaria Municipal de Educação e não há nenhuma restrição.
Francimara de Souza, 9 anos, é estudante do 4º ano da Escola Municipal Pingo de Gente, localizada no bairro Tancredo Neves. Ela estuda na unidade de ensino desde os 4 anos e diz, com propriedade, o que melhorou após a implantação do novo método de ensino. "Aqueles livros antigos eram bons, mas esses são bem melhores. Pois antes a gente só desenhava e soletrava. Hoje, a gente lê e faz um resumo do que entendeu", frisou.
A Hanna Victória, 9 anos, também está há bastante tempo na  escola. "Acho esses livros mais interessantes, pois explicam mais. Tem algumas atividades difíceis, mas o professor sempre nos ajuda a fazer", ressaltou a pequena.
Ao fazer a pesquisa em 2013, a prefeitura constatou que os alunos tinham muita dificuldade de aprendizagem, pois havia uma defasagem no conteúdo repassado. No primeiro ano de implantação do Saber Igual, a prefeitura já constatou um resultado positivo: no geral, a redução do índice de analfabetismo para 29%. As turmas de 4º e 5º ano tinham o percentual de 35% dos alunos analfabetos, após a implantação do método, este índice caiu para 10%.
De acordo com a coordenadora do Programa Saber Igual, Angelita Nóbrega, esses resultados são reflexos da introdução da nova metodologia. "Pois hoje, o professor da rede municipal sabe o que vai ensinar, como vai ensinar, para quem ele vai ensinar, como vai avaliar e como vai recuperar cada aluno. Alguns pais estão descontentes, mas é comum em um universo de 34 mil alunos, pois é algo novo. Mas peço a todos que tenham calma que todos vão se adaptar. Estamos à disposição para tirar qualquer dúvida", ressaltou Angelita.
Valdeir Viana é professor na rede municipal de ensino há 5 anos. Segundo ele, os alunos passaram a aprender mais rápido com o novo material do IAB. "Esses livros são mais completos. E antes, o material do MEC não chegava a tempo, então sempre começávamos o ano sem ter conteúdo programado. Agora com certeza está mais organizado", afirmou.
Outra característica positiva do programa é que ele insere uma rotina diária de atividades, em que as famílias precisam participar para dar o suporte. "Não há bom desempenho de aluno se não tem uma parceria da família. Levando em conta que a participação dos pais é fundamental para o sucesso acadêmico dos estudantes", ressaltou Angelita.
Dentro do Saber Igual, são feitas adaptações para alunos com necessidades educacionais. Para isso, existem salas multifuncionais. As aulas adaptadas são feitas de acordo com as necessidades de cada aluno. Valdir da Silva Neto, 5 anos, é cego. Ele estuda na Escola Municipal Pingo de Gente há um aluno. Dentro da sala de aula ele conta com a ajuda de uma professora auxiliar e, todos os dias, possui um momento na sala multifuncional com uma profissional que complementa o aprendizado dele, de acordo com suas necessidades.
A mãe do Valdir, Iane Peres, destacou a evolução que ele teve desde que começou a ser acompanhado na escola. "Ele teve uma evolução sensacional! Chegou na escola em um carrinho, pois não sabia andar. Com as atividades desenvolvidas, ele aprendeu a andar sozinho e a falar também. E o melhor, hoje ele consegue brincar com outras crianças, pois antes ele era muito agressivo, não sabia como se comportar", disse Iane, emocionada.
Conheça o método de ensino do Saber Igual
Como era antes: De acordo com Angelita Nóbrega, antes da introdução do programa, os professores pegavam qualquer livro e davam aula sobre determinado assunto, aleatoriamente. "Pegando a matemática como exemplo, às vezes o professor passava o ano inteiro trabalhando o eixo de números e operações, que são as continhas, e a tabuada, e quando chegava no final do ano, o eixo de espaço e formas, de medidas e grandezas, entre outros, não eram trabalhados", afirmou.
A pré-escola, que compreende o 1º e 2º período, não tinha nenhuma matriz de referência. Passou a ter em 2013, a partir da implantação do programa. Antes, cada professor comprava sua coleção de livros para fazer atividade e não tinha uma sequência didática.
Como ocorre agora: Ainda utilizando a matemática como exemplo, com essa organização curricular, hoje o professor divide por bimestre os quatro eixos: números e operações, grandezas e medidas, formas e volumes e tratamento da informação. Ou seja, há uma sequência didática de atividades. Da mesma forma ocorre com todas as outras disciplinas, separam-se os eixos e aplicam o conteúdo.
"Todas as disciplinas têm o mesmo acompanhamento. Quando o professor vai planejar a aula, ele separa os conteúdos de cada disciplina. Há todo um monitoramento por parte da secretaria, que possuem técnicos especialistas que supervisionam diariamente nas escolas. Além disso há as reuniões de planejamento dos professores e uma reunião gerencial mensal com todos os gestores, para acompanhar os resultados de cada unidade", reforçou, Angelita.